"Porque a mais razoável das loucuras é aquela partilhada com o mundo." "Para um mundo razoável esqueçam a loucura das partilhas.."

Monday, December 04, 2006

Matei-te à dentada

(Este é o último texto deste blog. Evitarei o uso dos meus digníssimos advérbios de modo e vocabulário abastado em sinal de respeito para com este companheiro de batalhas antigas. Cale-se a avareza, levante-se o luto.)

Já não gosto muito de ti. Não te sintas culpado, sou mesmo assim. Fazes, a partir de hoje, companhia às aulas de guitarra, à natação, ao ténis, ao Yôga, ao grupo de preservação do ambiente, à chupeta e à biografia do Tim Burton na lista de actividades que fui deixando pelo caminho desde o dia 21 de Abril de 1985.
Estava para escrever aqui que tinhas sido tu a suplicar-me a tua morte. Qualquer coisa como "acordei ontem e lá estavas tu, aos pés da cama, com olhos de quem não os fechou, a reivindicar que pusesse fim à tua existência". Também pensei em oferecer-te as culpas deste fim, tipo "eu que sempre te dei tudo e tinhas logo de me tramar pelas costas, quem te autorizou a contar à minha mãe que tenho vindo a coleccionar multas de estacionamento?". Em desespero, passou-me pela cabeça dar um fim sangrento a que nos lê, do género "estavas de costas e eu matei-te, matei-te à dentada". Mas nada disto me pareceu justo.
Acabo contigo por prazer. Pelo prazer que me dá livrar-me de ti. Usei-te, abusei de ti, esmifralhei-te enquanto tinhas algo para me dar, foste a minha mulher da vida durante o tempo em que a vida não me deu a mulher. Até o meu ego alimentaste quando textos de ti plagiaram para expôr em outros blogues e sobre outra assinatura. Agora já de nada me serves e nada me apetece partilhar através de ti. Estou a ser cruel? Faço votos para que essa crueldade te ajude a esquecer-me.
Por aqui ficarás, ao abandono, com uma porta que range e por onde ninguém entra. Porque sim, as pessoas vão deixar de cá vir e tu morrerás de desgosto. Morre em paz.
E quando morreres eu vou escrever com pedra de tijolo no granito da tua campa "Foste muito importante para mim. Obrigado."

Wednesday, November 01, 2006

O drama da mosca

No dia em que os vivos desentopem consciências e acariciam os mortos o céu está exactamente no mesmo sítio que muitos outros céus: lá fora. Eu, cá dentro, partilho o quarto com uma mosca arisca que se apoderou deste espaço como se aqui não dormisse eu há 21 anos.
Tentei fotografá-la mas o flash intimida-a, daí, numa acção de mau-senso, desafiei-me a conviver com ela. Deitei-me - como se deitam os humanos, na horizontal - e deixei que em mim pousasse. Escolheu o braço esquerdo e fez questão de sublinhar que, se não me mexesse, dali não sairia.
Falou-me de como aqui chegou. Confessou-me que não falava muito. Falava pouco e cada vez menos. Reconheci a frase e interrompi-a para me assumir portador de mesmo vício. Ela continuou com a ilusão com que chegou. Chegou para vêr tudo e fazer muito, passou a querer vêr muito e fazer o possível, hoje contenta-se por vêr e sobreviver. Discordei com o comodismo mas entendi que uma criatura com aquele porte frágil não se dá a luxos existenciais.
Apercebi-me do tique nervoso que a acompanhava. Enquanto falava e ouvia esfregava as patas da frente como que indicando satisfação maléfica. Sorri para dentro e lembrei-me que tiro o relógio sempre que escrevo. Quando o tique se confunde com a superstição e vira hábito coleccionamos as características pelas quais seremos lembrados e, garanto-te, não me esquecerei do teu esfregar de patas harmonioso.
Em tom tremido desabafou-me a traição da Gertrudes. A mosca companheira que deixou do outro lado da rua antes de decidir mudar de vida e de casa. A Gertrudes trocou-a pelo amarelo encantado de uma abelha e eu perdi-me na curiosidade em saber que espécie nasceria da relação entre uma mosca e uma abelha. Recebi a sua dôr e embalei-a nas elevações do meu peito, local para onde se havia mudado sem pedir licença.
Não me lembro se adormeci ou simplesmente me perdi em pensamentos, mas a verdade é que quando lhe quis falar ela já lá não estava. Levantei-me para beber água e abri a janela para que quando quisesse lutar pela Gertrudes a mosca não encontrasse obstáculos.

Friday, October 27, 2006

Art Rock



Dou graças a um deus qualquer por sobreviverem músicas que me fazem engalinhar a pele. Asilos Magdalena é uma discreta preciosidade escondida no novo álbum dos The Mars Volta, Amputechture. O rock progressivo fundido com o mais sábio da língua latina resulta numa faixa em loop no som cá do sítio.

The Mars Volta - Asilos Magdalena
The Mars Volta - Cicatriz ESP
The Mars Volta - Televators
The Mars Volta - Tira Me A Las Aranas
The Mars Volta - El Ciervo Vulnerado

(Os The Mars Volta são o projecto ambicioso do vocalista Cedric Bixler-Zavala e do guitarrista Omar Rodriguez-Lopez. A banda, actualmente com oito elementos, consegue ser fiél ao rótulo de rock progressivo, torna-o emocional e descola da banalidade quando encaixa o espanhol nos seus sons. Amputechture, o novo álbum dos norte-americanos, acabou de chegar a Portugal.)

Sunday, October 22, 2006

Para ti, Amor

Já hoje escrevi algures que era pálido dizer que te amo. Pouco colorido parece-me também ter a oportunidade de partilhar com o mundo o quanto me desarmas e não o fazer. Por isso, Amor, num misto de desabafo e suspiro me confesso.
Acho que toda a minha vida acreditei que o Amor faz girar o mundo e, mal menor, se este é um espaço de causas perdidas, seja o Amor a minha causa. O ser-humano vive nesta condição escrava de ser estimado e nunca ousei ser a excepção que justifica a regra. Por isso, sem me aperceber, dei uma oportunidade ao Nós e apostei com a almofada que te conseguia amar até que o coração me pare. Esta breve eternidade que nos conhece já me ofereceu alguns dos melhores momentos da minha vida, todos eles comuns no mais sincero jeito de sentir.
Quando disseste que aquela côr que, ao fim da tarde, o Sol pintava no horizonte tinha o meu nome fui feliz. Tão feliz como daquela vez em que te encontrei onde prometemos juntar-nos. O estranho, novo e surpreendente para mim é que a quantidade de felicidade que transpiro nestes momentos especiais é exactamente a mesma de quando amarras o cabelo com o teu jeito de menina. E de quando te vejo pelo espelho retrovisor em direcção ao meu carro. Sou igualmente feliz enquanto escreves Amo-te na minha pele ou enquanto mo sussurras ao ouvido.
Tudo isto para te explicar (e porque eu tenho este incómodo vício de viciar as explicações) que o meu sorriso é fácil. Cumprimenta-te todos os dias, sempre que desfilas para mim, sempre que o sangue te corre nas veias e sempre que me sinto o homem mais amado da aldeia.
E, mesmo que me adormeçam as palavras, olha-te diariamente ao espelho e admira a mulher que recebe todo o Amor que consigo dar.

Baby, I'm (not) bad news



Boas notícias para mim.
1) A MTV transmite na próxima terça-feira uma actuação ao vivo dos distintos e superiores Strokes.
2) O primeiro álbum dos Linda Martini estará à venda a partir do início do mês de Novembro. Olhos de Mongol assentará nos escaparates depois de alguns contratempos com a produção e edição do álbum. A banda lisboeta actuará no próximo fim-de-semana pela FNAC's deste país.
3) O Biography Channel está a passar repetidamente um documentário que relata a vida do compositor, músico, escritor, líder dos Babyshambles, ex-membro dos Libertines, viciado em cocaína, namorado de Kate Moss e virtuoso Pete Doherty.

The Strokes - 12:51
The Strokes - Razorblade
Linda Martini - Amor Combate
Linda Martini - Cronófago
Babyshambles - Fuck Forever
Babyshambles - Pipedown
The Libertines - Music When The Lights Go Out

O destino dela



A RTP1, num verdadeiro serviço público, transmite esta noite o meu filme de inspiração, perdão.. Eleição. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é a história da boa-samaritana adaptada ao cenário poético de Montmartre, é o vermelho e o verde em todo o seu tom, é um livro que escolheu as imagens em movimento para se deixar lêr, é o trio de beijos (pálpebra, pescoço e canto da boca) mais ternurento e a história de amor mais surrealmente narrada.
E já vos falei de Yann Tiersen?

Yann Tiersen - La Valse de Amélie
Yann Tiersen - La Dispute
Yann Tiersen - Soir de Fête
Yann Tiersen - Sur Le Fil

“If Paris were destroyed tomorrow and the recipe for true love lost, archeologists could reconstruct both to perfection from just a reel of Amélie”

Thursday, October 19, 2006

Maria's



(...)
Pecava por assiduidade a explicação da sua loucura. Estavam no balcão, em confraternização com os copos meio vazios e os cinzeiros meio cheios, os motivos da insanidade apaixonada dos três acompanhantes e até o fumo do cigarro era todo ouvidos para a enigmática personagem. Tremeu do olho como o vinha fazendo desde que se sentara naquele banco, fixou a bebida como que a ameaçando de extinção, fundiu-a com o seu corpo num derradeiro trago de loucura e lançou um esgar de missão cumprida. Antes que vomitasse as primeiras e únicas palavras da noite, o empregado desmarcou-se de esperas e avançou:
"Este, pobre coitado, nunca teve uma Maria na sua vida."

LCD Soundsystem - Daft Punk Is Playing At My House
Super Furry Animals - Hello Sunshine
Peaches - Fuck The Pain Away
Camera Obscura - Sun On His Back
The Whitest Boy Alive - Done With You
Belle & Sebastian - If She Wants Me
Linda Martini - Cronófago

Monday, October 16, 2006

Nem ginasta

Não sou loiro, sádico, eterno, sportinguista, muçulmano, técnico de contas, neozelandês, anão, homossexual, Deus, abstémio, basquetebolista, portuense, político, iliterado, gordo, poeta, prostituto, velho, nobel da paz, rico, canalizador, kitsch, animal, famoso, machista nem monárquico.

Sou mortal. Um mortal encarpado, livre de balanços e piruetas.

Para aniquilar inquietudes

Não tenho escrito com regularidade neste espaço porque estive de férias numa ilha deserta, com água do mar a beijar-me os pés e grãos de areia a enfiarem-se-me nas cuecas.

Ou então porque não ando com vontade de massajar o ego.

Thursday, October 12, 2006

Lilac Wine



Não se conhece por estes lados nada mais inspirador do que ocupar o quarto, dar um passo à frente do mundo e desafiar a sanidade. Peçam música ao Jeff Buckley, rezem pela sua alma e colem à pele as calças largas de fato-de-treino. Despeçam-se das meias e sintam o chão arrefecido pelo Outono. Certifiquem-se que ninguém entra no quarto mas garantam que a vossa música beija o Paraguai. Deixem o Grace (1994) liderar. Supreendam-se com a ternura, cantem até que a voz se irrite, ocupem os quatro cantos do vosso espaço, escrevam o quanto amam..

Jeff Buckley - Last Goodbye
Jeff Buckley - Lilac Wine
Jeff Buckley - So Real
Jeff Buckley - Hallelujah
Jeff Buckley - Lover, You Sould've Come Over
Jeff Buckley - Forget Her

Saturday, October 07, 2006

Foi o segundo



Amor, casamos as mãos e continuamos este caminho bonito que somos Nós.
Ninguém conhece o calor que nos enche o peito, a força do nosso olhar cruzado, a perfeição do nosso beijo, as coincidências e sintonias que nos espantam, o futuro que já escrevemos e a magia do nosso silêncio.
Somos o par abençoado por quem nos quer bem, a apurada afinidade de duas almas e a conclusão de toda a busca pelo imaculado sentimento. E continuo firme na convicção que está para ser escrita a palavra que defina o que nos une.
Há dois meses que me fazes a metade mais feliz.
Amo-te.

Thursday, October 05, 2006

Uppss!

Foda-se! Esqueci-me do que cá vinha fazer..

Ah! Já sei,

Num hotel para esquiadores da Suíça havia um cartaz informando as condições da neve:
Neuchatel: 12cm, mole
Lausanne: 18cm, escorregadia
Schaffhausen: 15cm, consistente

Por baixo alguém escreveu:

Sebastião da Silva (emigrante): 24cm, dura

Tuesday, October 03, 2006

Olhos de mongol



Para júbilo dos fãs que seguem atentamente a evolução da banda (entre os quais eu me incluo), os Linda Martini decidiram-se finalmente a lançar o primeiro trabalho. O álbum chamar-se-á Olhos de Mongol e será apresentado no próximo dia 27 no Santiago Alquimista. A capa já é do conhecimento geral e o primeiro single, Cronófago, está diponível no MySpace do quinteto lisboeta.
"Paisagens sónicas e experimentalismos líricos", dizem eles.

Linda Martini - Cronófago
Linda Martini - Licção de Voo Nº1
Linda Martini - Amor Combate



Os Whitest Boy Alive são o mais recente projecto do músico norueguês Erland Oye. Formada em Berlim, a banda começou por ser um projecto de música electrónica mas adaptou naturalmente o seu estilo para as exigências do mercado sem esquecer a inovação e qualidade. Acabou de chegar aos escaparates o álbum Dreams, a minha descoberta orgulhosa destes dias.

The Whitest Boy Alive - Burning
The Whitest Boy Alive - Above You
The Whitest Boy Alive - Done With You
The Whitest Boy Alive - Don't Give Up
The Whitest Boy Alive - Inflation

Eles não têm medo



Por cá já falei dos Yo La Tengo, a banda familiar (Ira Kaplan e Georgia Hubley são casados) que me remete para cenários californianos de fim-de-tarde. A banda acaba de lançar o seu décimo terceiro álbum de originais e, para muitos, é este o derradeiro trabalho de afirmação do trio norte-americano.
Ainda estou a acabar de me apoderar ilegalmente de I'm Not Afraid Of You And I Will Beat You Ass mas já aplaudo, saboreio e aconselho.

Yo La Tengo - Beanbag Chair
Yo La Tengo - Daphnia
Yo La Tengo - I Feel Like Going Home
Yo La Tengo - Mr. Tough
Yo La Tengo - The Weakest Part
Yo La Tengo - I Should Have Known Better

Culpa tua

Hoje explico-te o brilho que encontras nos meus olhos.
Brilham os meus olhos sempre que dança o teu cabelo ao ritmo da brisa simpática da noite. Brilham quando os teus olhos rasgados confessam alegria sincera, brilham sempre que a tua boca rosada me convida a um beijo perfeito e brilham sempre que te entregas à minha admiração e fascínio. Os meus olhos amam cada graça que partilhas, cada sorriso que entregas, cada mão na minha perna, cada colo mimalho, cada surpresa, cada "amo-te", cada desabafo, cada presente e cada futuro. Os meus olhos adoram o jeito como caminhas, como falas com as mãos, como coças a cabeça quando o assunto é sério, como amarras o cabelo, como bebes água, como danças e como te entregas ao meu olhar apaixonado.
Sempre que admirares os meus olhos lembra-te que o brilho é culpa tua.

Monday, October 02, 2006

Lá-lá-lá do dia



Há músicas que nos conquistam..

We Are Scientists - Can't Lose

(Os We Are Scientists são Keith Murray, Chris Cain e Michael Tapper. Juntaram-se em 2000 e, depois de quatro EP's caseiros, lançaram no ano passado um aclamado With Love and Squalor. Pelas suas palavras, fazem "rock music of the thoughtful, sometimes epic, often loud, vaguely danceable, implicitly humanist variety".)

Saturday, September 30, 2006

1+2



Três são os degraus que tenho de subir sempre que chego a casa. E sabes? Engano-me sempre a contar porque quando os subo estou embriagado de ti. Um mais dois - que são três - são demais para as duas pernas que tenho, por isso uso as asas que me deste com o último beijo do dia. E aqueles bocadinhos nossos que guardo no bolso e que caem ao longo da minha viagem não são mais do que sementes de mim que planto no teu coração.

Alter-ego

O meu alter-ego é um tipo que masca pastilha elástica com as gengivas. É um tipo que programa o despertador para as seis e sessenta e seis da manhã e é tão ingénuo que se deixa enganar pelo sono. O meu alter-ego colecciona sacos de hipermercado e cospe em espiral, estala os dedos com os dedos dos pés e dorme num quarto vazio de cores. O coração do meu alter-ego pára quando bem lhe apetece. O meu alter-ego é um tipo que se perde nos sonhos, corre em oitos e tropeça no meio. Toda a gente tem alter-egos fantásticos e incríveis, o meu consegue ser mais estranho que eu.
O meu alter-ego nasceu para morrer todos os dias.

Thursday, September 28, 2006

O mundo esticou



Face Hunter é o olho atrevido de um nómada suíço. De máquina na mão, o fotógrafo percorre as mais cosmopolitas cidades do mundo e capta o estilo que por lá se adopta. As posturas, a roupa, os acessórios e o cheiro viciante a vida de Londres, Berlim, Nova Iorque, Tóquio, Rio de Janeiro e mais umas quantas aldeias deste globo.
A prova de que as fronteiras culturais vencem e humilham as fronteiras físicas.
Devendra Banhart aprova e aconselha.

Devendra Banhart - Little Boys
Devendra Banhart - Cripple Crow
Devendra Banhart - Chinese Children
Devendra Banhart - Luna Margarita
Devendra Banhart - Some People Ride The Wave

Saturday, September 23, 2006

Persuasão



Dizem os críticos que se baseia no filme coreano Il Mare e que imita o Frequency de James Caviezel. Escrevem os entendidos que falha em pormenores de concordância temporal. Optam pela medianidade para o classificar embora salientem a excelência dos actores. A Casa da Lagoa (The Lake House) de Alejandro Agresti é um romance ficcional - mais do que o habitual - que alimenta o imaginário de indíviduos comprometidos com a paixão. Escrito por David Auburn (Amor, é assim que se chama o homem!), a história convida-nos a falar, partilhar ideias, dúvidas e mostrar enternecimento mais do que alguma vez experimentamos durante um filme.

Uma casa de sonho. Nick Drake, Carla Bruni e Tom Petty a embalar. A melhor companhia do mundo. Um livro. Um pedido. Uma noite perfeita.

Friday, September 22, 2006

Sou Amor



Sou muito. Sou homem, depois de menino e forasteiro. Sou perfeccionista, longe do perfeito, e egoísta. Sou tímido, utópico e romântico. Sou confiante. Sou inseguro. Sou música, skate e fotografias. Sou cinema francês e côr-de-laranja. Sou calças caídas e All-Star. Sou noite de insónia, sinais no pescoço e cicatriz na barriga. Sou horas a escrever. Sou relógio no pulso esquerdo e ananás à sobremesa. Sou o toque, o beijo e o abraço sentido. Sou olhos fechados. Sou carioca de limão e cigarro. Sou unhas roídas. Sou Yôga, piscina e bola de futebol. Sou três horas de carro diárias. Sou sopa antes de jantar. Sou amigos, sou sozinho. Sou indeciso, impaciente e inconstante. Sou irmão orgulhoso, sou ambicioso. Sou delírios, sou impulsos e miminhos.

Tudo o que sou é teu.

Peludos e escoceses



O nome Mogwai não é um exclusivo das criaturas adoravelmente peludas dos Gremlins. Os Mogwai vieram ao mundo na Escócia dos anos 90, liderados por Stuart Braitwhaite e Dominic Aitchison, e assumiram-se como uma das referências do movimento post-rock. Mr. Beast dá nome ao último álbum da banda e ressuscita as guitarras distorcidas e o baixo melódico das paisagens campestres do Reino-Unido. Tudo com a bênção da Matador Records.

Mogwai - Emergency Trap
Mogwai - We're Not Here
Mogwai - Glasgow Mega-Snake
Mogwai - Team Handed
Mogwai - Acid Food
Mogwai - Folk Dead 95
Mogwai - Auto Rock

Wednesday, September 20, 2006

Telepático



Perdidos entre os oito milhões de almas que povoam a cidade de São Paulo, Mylene e Eric Theobaldo negaram-se à corrente do funk carioca e declararam má sorte por ter nascido com samba na casa do vizinho. Sons soltos com uma voz sexy bossy na rectagurada, groove electrónico arriscado, uma cara bonita, uma nova tendência e a mais agradável descoberta melómana da semana. Télépathique e pães de leite ao pequeno-almoço.

Télépathique - Sex, Drugs & Funk'o Roll
Télépathique - Love And Lust
Télépathique - You Don't Know
Télépathique - Eu Gosto

Sunday, September 17, 2006

Sim

Hoje, no pedaço de noite que guardei para mim, implorei a Deus para te ter comigo.
Sim, Amo-te..

Thursday, September 14, 2006

Opiário



Resignado, sentei-me dentro da bota luxamburguesa. Assisti entretido à queda do império anarquista ditador enquanto as gengivas do polvo sangravam de felicidade. Fumei dois cigarros - um divorciado, outro militar - e promovi a revolução esferográfica na página 43 do caderno azul bebé. O auxiliar de memória correu até ao fim da rua e cuspiu um bafo sofrido por entre o hálito amarelo. As bolinhas triangulares saltaram da camisola lisa e a palma do pé esquerdo aplaudiu sozinha a nona música da flauta. O lagarto ficou órfão de tecto e o Dostoiévsky aprendeu a falar russo. Fotografei tudo ao som de acordes com arroz e feijões em côro.

Gotan Project & Yann Tiersen - Le Quartier
Llorca - The Noval Sound
Ojos de Brujo - Tesoro
Tom Waits - Lullaby
Sam Spiegel & Karen O - When Ever I Wake Up
Rinocerose - Lost Love
Electric Six - Dance Commander
Smoosh - Bottlenose

Monday, September 11, 2006

Gosto disto



São a nova banda de culto do indie norte-americano. Estão para os EUA como os Arctic Monkeys estão para a Europa (sem as borbulhas e a masturbação compulsiva) e agradecem ao MySpace a promoção de uma música estranhamente elaborada para ser composta apenas por duas pessoas. Os Giant Drag são Anny Hardy, na voz e na guitarra, e Micah Calabrese, na bateria e no sintetizador. O seu primeiro álbum, Hearts and Unicorns, dá casa a um humor negro reflectido em músicas como Kevin Is Gay e YFLMD (You Fuck Like My Dad).
O duo actuou recentemente no grande Coachella Festival e abre regularmente concertos das The Like, The Cribs e Pretty Girls Make Graves.

Giant Drag - YFLMD
Giant Drag - Kevin Is Gay
Giant Drag - This Isn't It
Giant Drag - My Dick Sux
Giant Drag - Cordial Invitation

Saturday, September 09, 2006

Feijões em côro

Tem o seu interesse ficar um dia sozinho e encerrado em casa, assumir o papel de recluso desta cerca na vila erguida e fingir-me morto para a vida. Dá para encostar o rabo ao chão do quarto e escrever putisses, vencer a desorganização e acomodar os CD's na prateleira, comer e não comer, adormecer na banheira, voltar a escrever putisses, admirar o fémur e a omeoplata da Kate Moss, não invejar o Pete Doherty, voltar a adormecer, cantar sem promover o riso e elevar o volume da música para o 35 (imaginem.. o 35!) no som cá de casa.
E amanhã é Domingo.

Babyshambles - Fuck Forever
Patti Smith Group - Pissing In A River
Patti Smith Group - Poppies
Ramones - I Wanna Be Your Boyfriend
Ramones - Let's Dance
The Who - Joker James
The Clash - London Calling
Gomez - Buena Vista
dEUS - Gimme The Heat
Yo La Tengo - Season Of The Shark

Thursday, September 07, 2006

Foi o primeiro



E outros o invejam. Querem ser como ele, tocar a sua perfeição. Querem passar a correr, ser instantes de memória eterna. Querem parar no tempo quando o tempo é imaculado. Querem ter a sua página no livro da vida, abençoar o mais nobre dos temas. Querem casamentos e baptizados. Querem encher caixas de correio e explicar-me o Ying e o Yang. Querem ser comemorados com a mesma intensidade, abrir estradas e traír o vício. Todos o invejam. O defeito virou perfeito.

Todas as músicas que te fazem dançar

Monday, September 04, 2006

Smile On



"Cai no Verão a minha folha de papel, cai do céu e cai suave."

in Qualquer-coisa-que-se-assemelha-a-um-desabafo
por Alguém-que-também-escreve-sobre-paredes


- Vens ter comigo?
- Onde?
- Tu sabes..