"Porque a mais razoável das loucuras é aquela partilhada com o mundo." "Para um mundo razoável esqueçam a loucura das partilhas.."

Monday, January 30, 2006

The Strokes



Vestem-se como se o calendário tivesse adormecido em 1970. São produto nova-iorquino de qualidade, da qualidade que influências como os Television e os Velvet Underground garantem. Disse-me quem teve a oportunidade de os entrevistar em Madrid que são senhores da música com com tudo a que têm direito: batalhão de seguranças, fãs histéricas que simulam desmaios, poses irreverentes para as camâras e álcool, muito álcool.. Afinal, apesar de passarem concerteza despercebidos em Portugal, são hype no Reino-Unido e confirmação na EUA.
São Julien Casablancas, Nick Valensi, Albert Hammond Jr., Nikolai Fraiture e Fabrizio Moretti.
São os The Strokes e fazem com as guitarras voltem a soar como já não o faziam há uns tempos.
First Impressions Of Earth já roda em loop no som cá de casa.

The Strokes - You Only Live Once
The Strokes - On The Other Side

The Strokes - Feer Of Sleep

The Strokes - Evening Sun
The Strokes - Juicebox

Monday, January 23, 2006

Até onde me levem as pálpebras..

Antecipei-me um minuto à hora que tinha planeado e acordei sem a estridência enérgica do despertador. A janela abriu-se ao som da minha voz e apercebi-me, por entre pestanas, que o sol tinha aceite o convite. Desleixei-me na cama por mais uns minutos, podiam ter sido horas mas hoje, por excelência, as amarras que me seguram ao leito estavam menos confiantes.
Ergui o tronco, cumprimentei com os dedos a ponta dos pés num exercício físico matinal que nunca tinha sido capaz de executar. Não perdi tempo com espantos. Apercebi-me que estava a reproduzir sons desleixados que se assemelhavam à música Beautiful dos Belle & Sebastian. Dirigi-me surpreendentemente pouco tropeço para o quarto-de-banho que, não sabia bem porquê, estava mais perto do meu quarto do que na manhã anterior. Enquanto me despia, com a tímida naturalidade de quem se vê ao espelho e enumera retoques a proceder numa próxima encarnação, alguém tratou de definir a banda sonora que me acompanharia no banho matinal. Por entre o ruído do jacto do chuveiro a estalar-me pelo corpo consegui ouvir Colors do Amos Lee, Come Pick Me Up do Ryan Adams e Frankenstein da Aimee Mann. Entre as duas qualidades de champô que espalhei pela cabeça, veio-me a ela, à cabeça, que a música estava a ser agradavelmente cinematográfica e que tinha de memorizar esta expressão para uso futuro num blogue da minha propriedade.
De banho tomado e roupa leve vestida, cruzei-me com o pequeno-almoço tranquilo na mesa da cozinha. Leite morno, pão com queijo e belgas de chocolate aconselhavam-me com o aspecto a ceder à gula biologicamente imaculada da manhã. A acompanhar deram-me a ouvir Spoiled da Joss Stone e Pale September da Fiona Apple.
Entrei no carro sem ter de me desconcentrar com trivialidades como abrir e fechar a garagem, o combustível não me indicava se tinha ou não de me preocupar com a sobrevivência dos três euros que tinha no bolso, limitou-se antes a acalmar-me com uma luz verde indicadora de que estaria tudo sob rigoroso controlo nos próximos tempos. Dirigi-me para qualquer lado, porque sem destino é sempre bem melhor, ao som de Queens Of The Stone Age. Era a primeira vez que os amplificadores se manifestavam e acenei-lhes com o apreço de quem saúda a sua aparição.
No banco de trás do carro estavam amontoados alguns livros íntimos. A Música do Acaso de Paul Auster, escritor com lugar reservado no pódio das minhas preferências, as viagens tresloucadas de Bill Byron em Nem Aqui, Nem Ali e o recente empréstimo do pai, Aqueles Tempos com Gabo de Plinio Apuleyo Mendoza.
Encostei o carro na fila da frente para o Atlântico, numa praia de actividade singelamente piscatória deste norte litoral. Inclinei o banco para trás, sintonizei uma rádio amável que me deu a ouvir Build Up dos Kings Of Convenience.
Dexei as pálpebras caírem, paralisei movimentos e, enternecido, empurrei a imaginação.
Acordei sob o sol confortável da Toscana, admirei o verde dos lagos e o verde mais verde da vida que o envolvia. Bebi sumo de limão e trinquei salgados acompanhado no prazer pela oração dos Portishead e pelas preces negras da Erykah Badu.
Deixei caír novamente as pálpebras para logo as levantar em Covent Garden, Londres. Cumprimentei cada animador de rua, ouvi os cânticos desafogados de adeptos do Chelsea na varanda do City Plaza, bebi cerveja vergonhosamente saboreada e apressei o relógio só para vêr a noite caír neste cantinho britânico. Em honra à lua que agora se erguia tocavam os dEUS de Tom Barman. Pelo meio recordei cenas de A Love Song For Bobby Long, Elizabethtown e Vanilla Sky e rendi-me às suas bandas sonoras.
Voltaram a cair-me as pálpebras e acordei em Nova Orleães. Percorri a passo retardado umas quantas ruas escuras, deixei-me confundir pela paella de música que ouvia dos bares, convidativos em demasia e sem excepção para me forçar a optar por apenas um deles. Sentei-me num passeio e, depois de escrever compulsivamente até que se me acabasse a tinta da caneta, voltei a ceder ao peso das pálpebras.
Acordei com o despertador a invocar o sinal horário da Antena 1.

Friday, January 13, 2006

Dr1ve through..



Fechei a porta do carro e estremeci de arrepio, o frio lá fora não convidava a atravessar novamente a rua que me separava do quiosque. Evitei o espirro com um esgar curto e útil. Liguei o carro e o rádio apresentou-se ao serviço voluntariamente. A Antena3 teima em acompanhar-me, mesmo nas viagens mais curtas, mesmo naquelas onde é a pura e descarada perguiça que me faz não ir a pé. Entrei em movimento (não eu, o carro), as rotações multiplicavam-se, carregava sincronizadamente nos 3 pedais que na infância me confundiam (passava viagens a olhar para os pés do pai e a tentar entender que a condução não era um acto limitado às mãos). Na rádio, a Antena3 do costume, convidavam-me a ouvir a Ana Lamy e o Rui Estevão, sempre com o mesmo discurso descordenado e diálogo torcido. Entrou uma música.. Soava-me bem, fazia-me dar palmadinhas de ritmo no volante e fazer aquela cara engraçada que toda a gente faz quando ouve uma música que nos transporta para um mundo onde estamos em palco (nunca experimentaram?) de guitarra na mão e microfone a 2cm da boca. Resumindo e porque a mãe não pára de chamar para jantar..
A música chama-se Ending e é dos Dr1ve, uma banda de Sta. Maria da Feira, composta por rapazes que costumavam frequentar os mesmos locais que o menino na sua cada vez mais distante adolescência..
E isto de falar na 3ªpessoa tem o seu "qualquer-coisa" de Manuel Alegre.

Monday, January 09, 2006

Linda Serviço



Antes de mais quero esclarecer que o título que apresenta este texto é a coisa mais estúpida que tive oportunidade de partilhar convosco. Misericórdia e compreensão para com o pouco jeito para entitular coisas.
Exijo a vossa total atenção para os Linda Martini. São - juntamente com dR.estranhoamor e The Weatherman - uma das minhas apostas para o rótulo de banda revelação da música portuguesa em 2006. São lisboetas (alguém lhes perdoe!) e soam demasiado bem para que passem sorrateiramente ao lado do reconhecimento. Para ouvir em www.lindamartini.tk
Terminada a sugestão aliviadora de consciência passo desde já a assumir que a minha curta escapadela a este espaço vai condicionar irremediavelmente a minha classificação no exame de amanhã de Psicossociologia da Comunicação.
Não! Não foram os desafios de honra com o mano mais novo na Playstation, não foram os estarrecimentos ao som do novo álbum dos Death Cab For Cutie recentemente adquirido, não foi a perguiça escandalosa e inoportuna que de mim toma conta regularmente e muito menos a frequência pouco assídua e atenta às aulas. Foi, única e exclusivamente, esta visita ao blogue.
Morram de culpa, novas tecnologias!

Bem-vindos à nojeira!



Consta da profecia que Sam Mendes veio à Terra para redimensionar o tradicional filme de guerra.
No também infinito universo da minha imaginação o realizador norte-americano recebeu, num Natal aconchegantemente britânico, o livro do ex-marine Anthony Swafford, Jarhead, e viu nele a tentadora oportunidade de acabar de vez com o estigma Rambo e Steven-Seagal-em-territórios-vietnamitas. Escolheu o deserto da California (assustadoramente semelhante ao iraquiano), repescou Jake Gyllenhaal e Jamie Fox (em tempos, Ray) para papéis de destaque e ousou saltar da chuva de pétalas que outrora lhe valeram um Óscar para a chuva de petróleo que certamente lhe garantirá as melhores das críticas.
O patriotismo americano (e) desmesurado, o inimigo iraquiano sempre pouco visível, o humor sardónico no deserto escaldante e episódios cruelmente reais fazem de Máquina Zero, a meu humilde ver, o derradeiro filme de guerra.

Jarhead - Welcome to the suck!
estreia dia 12 nas salas de cinema nacionais.

Sunday, January 01, 2006

1967, Death Cab For Cutie



1967 foi um ano em grande para a música. E não por ter sido o ano em que caiu nas lojas Sgt. Pepper's Lonelly Heart Club Band dos Beatles e Are You Experienced? do Jimi Hendrix, não pelos The Doors terem lançado o álbum homónimo e muito menos por ter nascido uma banda de nome Velvet Revolver, nada disso.. Em 1967 uns rapazes com a humilde designção de Bonzo Dog Doo-Dah Band criavam Death Cab For Cutie, uma faixa que viria a integrar o álbum Gorila.
Trinta anos depois, Ben Gibbard repescava o nome e criava o projecto Death Cab For Cutie. O que no início não passava de um descomprometido projecto a solo viria a tornar-se um dos maiores casos de sucesso do indie norte-americano.
Estou completamente rendido ao novo álbum da banda. Plans vai abrilhantar o meu ritual regular de auto-presenteamento aquando de uma próxima deslocação à FNAC das redondezas.

DCFC - Soul Meets Body
DCFC - Marching Bands Of Manhattan
DCFC - Someday You Will Be Loved
DCFC - Summer Skin
DCFC - Different Names For Same Things
DCFC - Your Heart Is An Empty Room