Das Grutas, com inocência.. Ass: Pai
O meu pai entregou-me há pouco um monte de jornais que encontrou nas grutas cá de casa. São jornais que foi guardando ao longo dos anos, jornais de escola, jornais sérios ou jornais pouco sérios, jornais de faz-de-conta ou jornais de nome e renome. Em todos eles há algures o meu nome, porventura a minha foto, mais ou menos palavras que ia escrevendo quando ainda tinha vontade de as publicar em tudo quanto era sítio, quando ainda não media as palavras e muito menos a vida. Não quer dizer que já o faça, apenas não o grito com voz em mutação, como o fazia aos treze anos.
Algures nos documentos até agora enclausurados encontrei isto (vou apenas transcrever excertos),
(...)
É uma idade complicada, onde tudo parece novidade ou banalidade e um ser, o jovem, sobrevive distantemente isolado de um mundo que se virou contra ele. E não pensem os adultos que é fácil, talvez até o seja, mas também por isto de certeza que já passaram e acredito piamente que sentiram tudo da mesma maneira, seja ela qual fôr. (...)
Há décadas atrás os nossos avós brincavam com carrinhos e bonecas feitas com material velho lá de casa; hoje nós brincamos com o computador, experimentando o novo jogo que exibe a loja. Há décadas atrás os nossos avós contentavam-se com a sardinha no prato; hoje, quanto mais ketchup tiver o hamburguer, melhor.´
É preciso relembrar que os nossos avós foram jovens, e também tinham avós, e nesse tempo custava viver, custava comprar roupa para os filhos, custava chegar com comida a casa. (...)
Por isso, ainda bem que hoje conseguimos, não digo estar completamente felizes mas sim que conseguimos estaudar, comnseguimos experimentar o novo jogo de computador e comer o hamburguer com bastante ketchup.
(...)
Lembro-me perfeitamente que foi o meu pai que me ajudou a escolher um título para este texto. Na altura, No Apeadeiro da Juventude soou-me a algo adulto e foi assim que se chamou.
Este texto foi publicado primeiramente no jornal O Arrifanense (15/02/1999), pouco tempo depois apareceu na íntegra no Terras da Feira, Primeiro de Janeiro (21/02/1999) e parcialmente no Comércio do Porto (16/02/1999).
É simples, infantil, utópico e inocente mas era meu. Era eu. Eram 13 anos pouco vividos..
Margarida Pinto - Na Véspera De Não Partir Nunca
Margarida Pinto - Lembra-me De Nós
Margarida Pinto - Um Dia, Aqui
Blasted Mechanism - Blasted Empire
Blasted Mechanism - Manipulation
Blasted Mechanism - Sun Goes Down
The Smiths & Suede - Across The Universe (cover)
Incubus - Hello (Lionel Richie cover)
Pedro The Lion - Fade Into You (Mazzy Star cover)
Radiohead - Sunday Bloody Sunday (cover)
Bright Eyes - I'm Wide Awake, It's Morning
Jem - Maybe I'm Amazed
Death In Vegas - Girls
Air - Alone In Kyoto
My Bloody Valentine - Sometimes
Jaguar - So Warm
2 Comments:
Lindo. Puro. Transparente.
Como todos os teus textos, pelo vistos já bem cativantes desde os teus 13 anitos.*******
11:00 PM
é de nascença, está-te no sangue! =)
Parabéns!
ps.:gosto mais do ketchup nas batatas =P
5:31 PM
Post a Comment
<< Home