Solitário?

Ontem confrontaram-me com a possibilidade de ser um solitário.
Corrijo, quem se confrontou com tal hipótese fui eu. A mim, aferiram categoricamente que sou um solitário.
Ainda pouco seguro acerca da veracidade de tal acusação mas certo de que penso (demais) naquilo que me apontam, dediquei parte da minha reflexão nocturna, habitualmente imposta pela falta de sono que me vem acompanhando, a esse aspecto.

Se para ser um solitário é necessário preencher uma série de pré-requisitos como, e passo a enumerar, cantar sozinho no chuveiro, satisfazer necessidades orgânicas e sexuais (estas últimas muito mais esporadicamente) sozinho, ter uma cama de solteiro, escrever só com uma mão e não ter um irmão gémeo com quem me confundam sou, de facto, um solitário.

Alargando a escala de valores e aumentando o grau de seriedade, o caso é bem mais complicado.
Na verdade, sempre tive um monte de amigos e conhecidos, a minha família é enorme e o meu telemóvel é farto em actividade mas, vendo bem, isso não faz de mim um Politário (termo que acabei de inventar, por oposição á ideia de solitário).
Passo muito tempo sozinho, não por obrigação mas por opção, e a verdade é que gosto. Gosto de ouvir música sem ninguém a incomodar, gosto de conduzir sozinho e sem destino quando algo de muito complicado me atrofia os pensamentos, gosto de ir ao cinema sozinho, gosto de passear á noite sozinho e, mesmo quando estou rodeado de gente, gosto de me elevar e prestar atenção aos pequenos pormenores de cada um.
Sou assim porque é a melhor forma que encontrei de simplificar as coisas, é assim que resolvo os meus problemas, é assim que me auto-avalio, é assim que penso com destreza, é assim que, quando necessário, defino os meus sentimentos.
Por tudo isto, se há algo de positivo na palavra, sou com certeza um solitário.

("Gosto de estar sozinho pelo prazer da minha companhia" - Post recente)

P.S. - A única coisa que me dá mais prazer do que fazer tudo isto sozinho é fazê-lo acompanhado por alguém que goste muito.